Recentemente, quadrilhas em São Paulo têm se mostrado bastante ousadas ao utilizar senhas de policiais militares para facilitar suas atividades criminosas. Essas organizações conseguem monitorar viaturas e planejar roubos sem serem detectadas, graças ao acesso que compram ao sistema policial. Os valores para aquisição dessas senhas variam entre R$ 80 mil e R$ 100 mil, de acordo com investigações da Polícia Civil.
Além de venderem senhas, essas quadrilhas têm a capacidade de ouvir as comunicações feitas entre as viaturas. O preço para acessar esse tipo de informação pode chegar até R$ 500 mil. Essas revelações surgiram após a prisão de um homem que possuía um computador com informações secretas da polícia, levando a uma série de investigações sobre o comércio ilegal de acessos aos sistemas de segurança.
Situação singular no planeta
As quadrilhas têm utilizado o acesso à Intranet da polícia para obter informações valiosas. Elas podem ver em tempo real quais viaturas estão em patrulha e quais estão atendendo a chamadas de emergência. Esse conhecimento as ajuda a planejar ações, como furtos em residências desocupadas ou assaltos a pessoas em situações vulneráveis.
Além disso, o uso de senhas vendidas permite que criminosos acessem o sistema Detecta. Este sistema contém um vasto banco de dados que compila informações de várias fontes, incluindo do Departamento de Trânsito. Com isso, as quadrilhas conseguem monitorar seus alvos com mais eficiência.
O procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Marcio Sergio Christino, destacou que essa situação é única em todo o mundo e causa danos significativos à segurança pública. Ele observa que essa evolução na tecnologia do crime organizado não está sendo acompanhada pela aplicação da lei, o que agrava o problema.
Cristino afirma que é necessário fazer uma revisão urgente nas medidas de segurança e nos sistemas de acesso das autoridades. Sugestões incluem a implementação de verificaçãos de duas etapas e restrições de acesso a dispositivos autorizados. Essas medidas, comuns em serviços de e-mail, poderiam dificultar o uso de aparelhos não cadastrados e evitar a venda de senhas por servidores.
Medidas sugeridas
- Verificação em duas etapas: Adoção de um sistema que exija múltiplas confirmações para acesso.
- Cadastro exclusivo de dispositivos: Permitir acesso apenas a aparelhos previamente autorizados.
- Inteligência contra crimes: Criação de serviços para monitorar e investigar práticas que comprometam a segurança dos sistemas.
A falta de resposta da PM à reportagem também foi notada, refletindo a dificuldade em abordar essa questão complexa.
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